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NOVIDADES
Um novo método de preparação do grafeno foi desenvolvido por cientistas do Instituto de Físico-Química da Academia Polonesa de Ciências (IChF PAN), em Varsóvia (Polonia), em colaboração com o Instituto de Pesquisa Interdisciplinar de Lille (França). O procedimento é de tal simplicidade que pode ser realizado em qualquer laboratório. O grafeno é produzido a partir do grafite, que é, na verdade, uma sucessão de bilhões de camadas de grafeno. Este último se apresenta como uma folhinha monocamada bidimensional, com rede cristalina hexagonal, cuja espessura ( aquela do átomo de carbono, seu único constituinte), é de 70 picômetros, seja: um milionésimo da espessura de um fio de cabelo humano. Representação artística do grafeno. Créditos: Wikipedia.
Mas, até o momento, as pesquisas sobre o grafeno estiveram limitadas pelo custo e pela dificuldade de produzi-lo em grande escala. A produção de uma folhinha de grafeno demanda um altíssimo nível de tecnicidade, devido à sua espessura de 70 picômetros. Os métodos atuais de fabricação de grafeno seguem procedimentos complexos que necessitam de materiais caros e especializados. Um destes métodos consiste em cristalizar o grafeno, pelo aquecimento sob vácuo e a 1300oC de carbeto de silício (SiC), para que os átomos de silício das camadas externas se evaporem. Após um tempo bem determinado, os átomos de carbono restantes se reorganizam em finas camadas de grafeno. Um outro método, chamado "deposição química em fase de vapor" (CVD), permite criar grafeno pela decomposição de um gás carbonado (por exemplo, o metano) sobre um metal à alta temperatura, como o níquel ou o cobre. "Se queremos aumentar as aplicações industriais do grafeno, devemos encontrar melhores procedimentos para produzi-lo em grandes quantidades, de modo controlado e sem ter que utilizar material caro e especializado", - disse Izabela Kaminska, doutoranda do IChF PAN, de Varsóvia, e primeira autora da publicação. As folhinhas de grafeno são muito difíceis de ser separadas umas das outras, daí o fato da primeira etapa consistir na oxidação da matéria-prima, o grafite. A incorporação de moléculas de oxigênio, realizada pelo método de Hummers, faz com que as folhinhas deslizem umas sobre as outras e, finalmente, a sua separação seja favorecida. O pó obtido - óxido de grafite - é a seguir posto em suspensão em água e colocado em um sonicador. As ondas sonoras de alta frequência permitem esfoliar as folhas de óxido de grafeno, formando estruturas que são constituídas de camadas sucessivas de grafeno de 200 a 500 nanômetros de espessura. Segundo Izabela Kaminska, "a oxidação mudou de modo espetacular as propriedades físico-químicas do grafeno. No lugar de um excelente condutor, obtivemos ... um perfeito isolante". Para eliminar o oxigênio do óxido de grafeno, a equipe franco-polonesa teve a idéia de acrescentar tetratiofulvaleno (TTF), um composto organo-sulforado doador de elétrons. As moléculas de TTF restantes são finamente eliminadas por uma última reação de oxidação usando perclorato férrico, seguida de uma lavagem com uma solução neutra de TTF. As estruturas resultantes, compreendendo camadas de grafeno de algumas dezenas a algumas centenas de nanômetros de espessura, são obtidas depositando-se uma gota da mistura sobre um eletrodo. Esta descoberta deverá encorajar os cientistas a levar mais longe as pesquisas sobre o grafeno para criar a eletrônica do futuro, no momento em que os experts da indústria do silício anunciam o limite físico da evolução das performances da microeletrônica. A empresa americana de consultoria BCC Research estima que o valor de mercado dos produtos à base de grafeno irá se elevar em 2015 a 67 milhões de dólares e, dez vezes mais, em 2020. Polish Academy of Sciences (Tradução - MIA). Nota do Scientific Editor - O trabalho "Preparation of graphene / tetrathiafulvalene nanocomposite switchable surfaces", que deu origem a esta notícia, é de autoria de Izabela Kaminska, Manash R. Das, Yannick Coffinier, Joanna Niedziolka-Jonsson, Patrice Woisel, Marcin Opallo, Sabine Szunerits e Rabah Boukherroub., tendo sido publicado na revista Chemical Communication, Volume 48, págs. 1221-1223 (2012), DOI: 10.1039/C1CC15215G. |
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