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Hidrato de carbono : recursos energéticos no fundo do mar ?

Diplomado em geologia, o professor Peter Herzig é diretor do GEOMAR (Centro Helmholtz para a Pesquisa Oceânica, em Kiel, Schleswig-Holstein, Alemanha). Ele que muitas vezes relacionou ciências marítimas e economia, queria aumentar a consciência pública sobre o potencial, ainda mal conhecido, do fundo do mar, em termos da exploração dos recursos naturais. De fato estas regiões geográficas contêm tanto bactérias, cujas substâncias bioativas poderiam ser úteis à indústria farmacêutica, quanto fontes minerais tais como ouro, e, principalmente, recursos energéticos como os hidratos de metano.



Bloco de hidrato de gás extraído quando de uma expedição científica com o navio de pesquisa alemão FS SONNE, ao longo do Oregon (EUA).

Créditos: Wusel007.


Definição

O hidrato de metano (ou clatrato de metano) é um composto de origem orgânica naturalmente presente no leito do mar, assim como no permafrost (espessa camada de solo congelado) das regiões polares. Chamado familiarmente "gelo que queima", este composto cristalizado é inflamável. Na escala molecular, um clatrato de metano é de fato constituído de uma fina "gaiola" cristalina na qual está aprisionado o gás oriundo da decomposição de matéria orgânica relativamente recente em relação àquela que engendra o petróleo e o gás natural.


Recursos

Os clatratos de metano estão presentes em grande quantidade no fundo do mar a profundidades de algumas centenas de metros. A quantidade estimada estaria próxima de 200 bilhões de metros cúbicos de gás, seja: 150 a 700 anos de exploração. A quantidade de hidratos de metano no reservatório continental é menos conhecida. A superfície relativamente pequena (10 milhões de km2) ocupada pelo permafrost faz supor que ela é menor que no reservatório oceânico.


Exploração

As reservas de hidratos de metano são, portanto, consideráveis, sendo objeto de interesse de numerosas empresas petrolíferas. Mas, a recuperação deste composto é difícil e custosa (descompressão, utilização de solvente como o metanol, aquecimento, ...) e as dificuldades tecnológicas que disto resultam parecem atualmente longe de ser resolvidas. Além disso, riscos geográficos tais como deslizamentos de terreno vêm juntar-se às dificuldades de exploração. A título comparativo, a exploração de gás de xistos é menos complexa e mais barata.


Consequências climáticas

A exploração de hidratos de metano poderá colocar sérios problemas em matéria de efeito estufa. Sua combustão emite CO2, além do risco de que grandes quantidades de metano se juntem na atmosfera durante sua exploração, sabendo-se que o potencial de reaquecimento global do metano é 22 vezes superior àquele do dióxido de carbono. Contudo, a exploração poderia ser utilizada para sequestrar o carbono, aprisionando o CO2 nos cristais para formar, assim, hidratos de CO2 que iriam contribuir para manter a estabilidade geológica nos deslizamentos.


Políticas internacional e alemã

Os japoneses são os primeiros a ter lançado um programa de pesquisa destinado a determinar os recursos energéticos do fundo do mar de seu país. A quantidade desses recursos no mar ao redor do Japão equivale a 100 anos de consumo nacional de gás natural. Os industriais devem testar no mar métodos de descompressão de hidratos que permitam recuperá-los integralmente, sendo este um dos projetos do grupo japonês JOGMEC.

O projeto alemão SUGAR (pesquisa e transporte submarino de hidratos de gás) - lançado em 2008 pelo Instituto Leibniz para as ciências marinhas, de Kiel, com financiamento dos Ministérios federais da Economia e da Tecnologia (BMWi) e do Ensino e da Pesquisa (BMBF) com o apoio de 30 parceiros econômicos e científicos e um orçamento inicial de aproximadamente 13 milhões de euros -, visa extrair metano marítimo e armazenar em seu lugar CO2 captado das centrais térmicas ou de outras instalações industriais.

A Alemanha não possui zonas ricas em hidratos de metano, mas está bastante interessada em desenvolver tecnologias de exploração destes recursos para se associar em seguida com países como a Índia, Taiwan ou a Coréia do Sul; isto a fim de ajudá-los a extrair o recurso de maneira otimizada e a sequestrar uma parte do carbono industrial.


Conclusão

A exploração destes hidratos de metano traz em si uma certa complexidade. No entanto, frente ao interesse das empresas petroleiras e na necessidade de crescimento das nações em energia baseada em carbono, parece que este recurso deverá ser parcialmente explorado nas próximas décadas. A França possui um rico material sobre pesquisa oceânica e uma expertise importante na área, que poderão ser utilizados em projetos ligados a exploração de hidratos de metano.

Scoop.it (Tradução -MIA).


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