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NOVIDADES
Cientistas de Stanford (EUA) desenvolveram uma técnica de imageamento por fluorescência que permite visualizar os vasos sanguíneos pulsantes de animais vivos com uma clareza sem precedentes. Comparado com técnicas de imageamento convencional, o aumento de nitidez se assemelha ao que acontece quando tiramos a umidade das lentes dos óculos. Imagens de vasos sanguíneos de camundongos evidenciando a diferença de resolução entre a imagem utilizando a técnica tradicional de fluorescência no infravermelho próximo (em cima) e usando a nova técnica NIR-II de Stanford (embaixo). Créditos: Stanford University.
Os pesquisadores usam então um laser (a luz é na faixa do infravermelho próximo, com um comprimento de onda de cerca de 0,8 mícrons) sobre o camundongo. A luz faz com que os nanotubos especialmente selecionados fluoresçam em um comprimento de onda na faixa de 1-1,4 mícrons, sendo então detectados de modo a determinar a estrutura dos vasos sanguíneos. O fato de os nanotubos fluorescerem em comprimentos de onda substancialmente maiores que os de técnicas convencionais de imagem é fundamental para alcançar as imagens incrivelmente nítidas dos minúsculos vasos sanguíneos: luz de comprimentos de onda maiores sofrem menos espalhamento, criando assim imagens mais nítidas dos vasos. Outro benefício da detecção da luz de comprimento de onda maior é que o detector registra menos ruído de fundo, já que o corpo não produz autofluorescência nessa faixa de comprimento de onda. Além de fornecer detalhes finos, a técnica - desenvolvida pelos cientistas de Stanford Hongjie Dai, professor de química; John Cooke, professor de medicina cardiovascular; e Ngan Huang, professor-assistente de cirurgia cardiotorácica - possui uma rápida taxa de aquisição de imagem, permitindo aos pesquisadores medir o fluxo sanguíneo em tempo real. A capacidade de obter tanto informação do fluxo sanguíneo como obter a clareza dos vasos não era possível até então, mas poderá ser particularmente útil no estudo de modelos de doenças arteriais de animais, tais como o modo como o fluxo sanguíneo é afetado pelas obstruções arteriais e constrições que causam, além dos derrames, ataques cardíacos. "Para a pesquisa médica, trata-se de uma ferramenta muito interessante para o estudo das funcionalidades de animais pequenos", afirmou Dai. "Isso nos ajudará a entender melhor algumas doenças vasculares e como se dá a resposta à terapia, além de permitir o desenvolvimento de tratamentos melhores." Como o NIR-II só pode penetrar no corpo, no máximo, um centímetro, ele não irá substituir outras técnicas de imageamento para os seres humanos. Será, entretanto, um método muito poderoso para o estudo de modelos animais, substituindo ou complementando técnicas de raios-X, CT, MRI (imagem por ressonância magnética) e laser Doppler. O próximo passo para a pesquisa, e que tornará a tecnologia mais facilmente aceita para uso em seres humanos, é explorar moléculas fluorescentes alternativas, afirmou Dai. "Nós gostaríamos de encontrar algo ainda menor do que os nanotubos de carbono, mas que também emitisse luz na mesma faixa de comprimento de onda longo, de modo que pudesse ser facilmente excretado do corpo e não houvesse assim quaisquer preocupações com a toxicidade." Nota do Scientific Editor - O trabalho: "Multifunctional in vivo vascular imaging using near-infrared II fluorescence", que deu origem a esta notícia, é de autoria de Guosong Hong, Jerry C. Lee, Joshua T. Robinson, Uwe Raaz, Liming Xie, Ngan F. Huang, John P. Cooke e Hongjie Dai, tendo sido publicado na revista Nature Medicine, volume 18, págs. 1841-1846 (2012), DOI: 10.1038/nm.2995. Universidade de Stanford (Tradução - AGS). |
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