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A areia betuminosa é uma energia do futuro? O desafio é imenso: as reservas potenciais poderiam fornecer entre 500 e 1.000 bilhões de barris de petróleo, segundo a Total (uma das empresas líderes mundiais da indústria do petróleo e do gás natural), fortemente implicada nas explorações canadenses. Graças a este tipo de extração, o Canadá é atualmente o principal fornecedor de petróleo dos Estados Unidos, à frente da Arábia Saudita. Uma das maiores reservas mundiais está situada em Alberta, uma província no oeste do Canadá. As jazidas de areia betuminosa de Alberta se dividem em três zonas: a Peace River, o Cold Lake e, a maior, a Athabasca. Elas se estendem por 140.000 km2 e 80% das reservas estão enterradas a mais de 100 m de profundidade. A extração do betume se faz segundo dois métodos: a técnica in situ e a técnica de mineração. Para os depósitos enterrados a mais de 100 m de profundidade, um poço vertical permite injetar vapor e bombear o betume, é o método in situ. Para os depósitos próximos à superfície, a mineração é favorecida. Uma vez separado da água e da areia, o betume é tratado em uma refinaria como todos os hidrocarbonetos. Em 2011, a produção canadense chegou a 1,6 milhões de barris por dia, o que representa 1,5% da produção mundial de petróleo. Para 2020, as explorações prevêem dobrar a produção total e, assim, fornecer 3% da produção mundial de petróleo bruto. Se as reservas de areia betuminosa são claramente uma alternativa às jazidas de outras energias fósseis, um estudo mostra que a poluição ligada à exploração aumenta no ambiente. Encomendado pelo governo canadense, o estudo revela, em particular, o efeito poluente das areias betuminosas nos lagos e rios circundantes. As zonas de areias betuminosas próximas da superfície são exploradas via minas a céu aberto. Para atingir a areia, é preciso que se retire a camada superficial de terra, que será estocada e reutilizada para a reabilitação do local. Furos são feitos e os torrões resultantes são misturados com água, para ser transportados por oleoduto para uma fábrica onde o betume é separado da areia. Créditos: Colin O'Connor, Greenpeace.
Os pesquisadores também compararam os HAP dos lagos àqueles do betume da exploração de Athabasca para determinar a fonte dos hidrocarbonetos encontrados nos sedimentos. De fato, incêndios florestais ou simplesmente a erosão natural de depósitos de betume poderiam ser fontes de liberação de HAP nas águas. "A concordância entre o aumento das taxas de HAP e o período de exploração das minas sugere fortemente que a extração e o refino das areias betuminosas desempenham um papel no aumento de taxas de HAP nesses lagos", afirma Joshua Kurek, um dos autores do relatório. Seus resultados estão publicados no periódico PNAS. Os níveis crescentes de HAP não afetaram as algas e os pequenos invertebrados. Muito pelo contrário, eles prosperaram. Este crescimento é atribuído a um aumento da temperatura do ar. Em Fort McMurray, próximo da mina, ela aumentou em média 1,65 oC desde 1960. Com proliferação de algas ou não, a poluição ligada à exploração da areia betuminosa é tóxica. O governo de Alberta anunciou que uma rede de monitoramento dos poluentes seria implementada na região. Futura Science (Tradução - MIA). Nota do Scientific Editor - O trabalho "Legacy of a half century of Athabasca oil sands development recorded by lake ecosystems", que deu origem a esta notícia, é de autoria de Joshua Kurek, Jane L. Kirk, Derek C. G. Muir, Xiaowa Wang Marlene S. Evans e John P. Smol, tendo sido publicado na revista PNAS (abstract), 2013, http://www.pnas.org/content/early/2013/01/02/1217675110.abstract. |
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