Laboratório de Química do Estado Sólido
 LQES NEWS  portfólio  em pauta | pontos de vista | vivência lqes | lqes cultural | lqes responde 
 o laboratório | projetos e pesquisa | bibliotecas lqes | publicações e teses | serviços técno-científicos | alunos e alumni 

LQES
lqes news
novidades de C&T&I e do LQES

2021

2020

2019

2018

2017

2016

2015

2014

2013

2012

2011

2010

2009

2008

2007

2006

2005

2004

2003

2002

2001

LQES News anteriores

em foco

hot temas

 
NOVIDADES

Em vinte anos, os nanotubos não conseguiram encontrar o caminho da industrialização.

Após a explosão da bolha internet, a explosão da bolha nano? O anúncio surpreendeu o universo dos materiais. Uma das principais fabricantes mundiais de nanotubos de carbono, a alemã Bayer acaba de decidir por encerrar sua produção. "Os mercados e as áreas de aplicação não se desenvolveram como havíamos suposto", admite Stefan Paul Mechnig, porta-voz da Bayer MaterialScience, a filial encarregada desta atividade. "É pouco provável que aplicações inovadoras destinadas ao consumo de massa surjam em um futuro próximo." A empresa vai, portanto, fechar sua fábrica de Leverkusen (Alemanha), na qual tinha investido mais de 20 milhões de euros em 2010 - uma instalação industrial capaz de produzir a cada ano 200 toneladas desses minúsculos tubos compostos de átomos de carbono. Um abandono que prejudica o otimismo inabalável do mundo dos nanomateriais, mais afeito ao sucesso do que ao malogro...

Desde seu grande desenvolvimento nos anos 1990, os nanotubos de carbono inflamaram a mente dos cientistas e alimentaram os mais loucos fantasmas industriais. Graças às propriedades mecânicas e elétricas excepcionais dos nanotubos de carbono, pensava-se construir um elevador para alcançar o espaço, revolucionar o armazenamento de energia, construir pontes sem metal... Raros eram os setores industriais que não previam uma revolução.



Passados vinte anos, os nanotubos não encontraram a via da comercialização!

Créditos: Usine Nouvelle.


Supercapacidades de produção

"Exagerou-se com este elevador para o espaço, munido de cabos ultra-sólidos e ultraleves", reconhece Cécile Zakri, professor da Universidade de Bordeaux I e pesquisador do centro Paul-Pascal (França). "Causou certa desilusão." As propriedades observadas na escala nanoscópica não são sempre aquelas da escala macroscópica. Um estudo publicado em abril, pela empresa irlandesa Research and Markets, diz: "A transferência de tecnologia dos nanotubos, do laboratório para aplicações industriais, não foi realizada em grande extensão e não atingiu o nível esperado há cinco anos."

Os nanotubos apresentam uma síntese complexa, dificuldade de produzir nanotubos idênticos, incertezas sanitárias, concorrência com materiais menos caros como as fibras de carbono e o negro de fumo... Os obstáculos são numerosos e uma forma de volta à realidade emerge. "O mercado é bem mais lento que o inicialmente previsto", admite Richard Audry, responsável pelo desenvolvimento de materiais avançados da Arkema. "Ele é mais limitado do que havíamos imaginado." A empresa química francesa é uma das três grandes produtoras europeias de nanotubos de carbono, com uma fábrica piloto situada em Mont (Hautes-Pyrénées, França). Sua capacidade de produção é de 400 toneladas por ano. Além de tudo isto, o setor enfrenta supercapacidade de produção.

A japonesa Showa Denko procedeu a uma reestruturação de sua capacidade de produção de nanotubos, quando anunciou, em 2009, a construção de uma fábrica capaz de produzir 400 toneladas por ano. Atualmente, ninguém está enclinado a falar do nível real de sua produção, que estaria bem abaixo das capacidades instaladas. Os estudos sobre o mercado mundial dos nanotubos de carbono, evocando mais de 2 bilhões de euros no horizonte de 2020, estariam muito otimistas.

Portanto, o setor deve suportar uma concorrência cada vez mais difícil, em particular com a presença de atores ambiciosos, como a empresa chinesa CNANO, que produz a custos mais baixos. "A concorrência existe e haverá batalhas tecnológicas a curto e médio prazos", estima Laurent Kosbach, diretor de marketing na Nanocyl. Esta empresa belga, terceira produtora europeia, tem uma capacidade de produção de 460 toneladas/ano...

Devemos lançar os nanotubos de carbono no esquecimento da história industrial? Não! Mas as aplicações deverão ser mais focadas e, menos, de "olhos fechados" . "Nos demos conta de que a adição de pequenas porcentagens de nanotubos de carbono são suficientes para melhorar, de modo significativo, as performances mecânicas de tubos de concreto, placas de estufas agrícolas de policarbonato e canalizações de polietileno", diz Richard Audry.

Na Nanocyl, colocam-se como "frente de batalha" as pinturas autolimpantes para cascos de barcos e navios e materiais de construção com propriedades antifogo. Mas a aplicação principal parece ser a introdução de nanotubos em eletrodos de baterias de íon lítio e de lítio-enxofre para os veículos elétricos, a fim de melhorar sua eficiência. Após sua impetuosa crise da adolescência, os nanotubos de carbono vislumbram o caminho da maturidade.


Os outros pretendentes

No universo do nanomundo, os nanotubos de carbono não são os únicos a pretender o título de material do futuro. O fulereno e, mais recentemente, o grafeno, interessam os industriais. O primeiro poderá encontrar aplicações nos setores de saúde e fotovoltaico, o segundo, no armazenamento da energia e na microeletrônica. O grafeno é um pouco o novo mascote dos nanomateriais. A Comissão Europeia acaba de conceder 1 bilhão de euros de subvenções por dez anos para um projeto de pesquisa destinado a desenvolver suas aplicações. A menos que a nanocelulose, menos conhecida, não efetue, como alguns imaginam, um fulgurante avanço em vários setores industriais ...

Usine Nouvelle (Tradução - MIA).


Assuntos Conexos:

Bayer para de fabricar nanotubos de carbono.


<< voltar para novidades

 © 2001-2020 LQES - lqes@iqm.unicamp.br sobre o lqes | políticas | link o lqes | divulgação | fale conosco