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Por que o cientista brasileiro inova pouco ?

Imagine dois professores universitários - um americano e outro brasileiro - ambos docentes de universidades públicas e referências em suas áreas de atuação. O primeiro faz pesquisas para empresas privadas durante três meses por ano. O segundo também: por cinco dias a cada semestre. O americano pode ser administrador de sua própria companhia; o brasileiro, não. Um conta com uma agência de inovação dentro da universidade, que se responsabiliza por registrar e vender suas patentes. O outro também, com a diferença de que o reconhecimento de uma patente pode levar de sete a oito anos. Adivinha quem inova mais?

A comparação ajuda a entender por que o pesquisador brasileiro continua tão afastado do setor privado. Transferir conhecimento da academia para as empresas é fundamental para o crescimento econômico porque só dessa maneira é que a pesquisa vira, de fato, inovação. No Brasil, porém, uma série de restrições torna difícil esse caminho.



Créditos: Valor Econômico

"A Lei de Inovação, de 2004, prevê que os professores (de universidades públicas) façam parcerias com empresas, o que antes não era permitido", afirma Fernanda De Negri, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O problema é que outra legislação, de 2013, que regulamenta a carreira docente, limita esse tempo a até 120 horas semestrais - ou cinco dias. "Na prática, isso inviabiliza as parcerias", diz Fernanda.

O Ipea realizou, na semana passada, um seminário sobre inovação e produtividade. Agora, prepara-se para lançar um livro, o segundo, sobre o tema.

A falta de cooperação entre universidades e indústria é parte da fragilidade do ambiente de inovação no País. No ano passado, a americana IBM registrou 7.534 patentes, mais de 20 por dia. Tornou-se, pelo 22º ano consecutivo, a empresa a obter mais registros no mundo. No Brasil, onde a transferência tecnológica engatinha, são as universidades que ocupam o topo da lista. É verdade que as escolas americanas também são pródigas na área, mas com uma diferença. Elas são ágeis em vender as patentes para as empresas, que as transformam em produtos. "A universidade não existe para vender bens. É preciso transferir o conhecimento e ganhar royalties. E o Brasil não consegue dar esse passo", diz Fernanda.

Essa deficiência indica falhas nas agências de inovação, que deveriam cuidar do assunto nas universidades. Em centros de ponta como o Technion, o Instituto de Tecnologia de Israel, os cientistas não deixam os laboratórios para vender suas criações. Uma agência tem a tarefa de encontrar compradores e cuidar da negociação.

Tentativas parecidas têm sido feitas no Brasil. Os núcleos de inovação tecnológica, ou NITs, concebidos para cumprir esse papel, tornaram-se obrigatórios nas universidades públicas. Mas falta uma estrutura profissional, afirma Fernanda. O trabalho frequentemente fica nas mãos de um funcionário sem experiência na área, com resultados pífios. Em contraste, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o MIT, recrutou profissionais de mercado para assessorar os pesquisadores.

Essa abordagem ajuda a identificar onde, de fato, está a demanda. "Nem toda patente merece ser mantida, porque há um custo envolvido", diz Fernanda. "Se o mercado não tem interesse nela, não vale a pena mantê-la."


Nota do Managing Editor - Esta matéria foi primeiramente veiculada no site do Valor Econômico, em 06 de julho de 2015.


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Inovação no Brasil ainda é medíocre.


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