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A solução para o Brasil superar a crise econômica está no aumento da produtividade e da competitividade das empresas brasileiras. O atalho para atingir essas duas vertentes é a inovação. No entanto, o País parece se distanciar dessa janela. Entidades que compõem o Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI) estão preocupadas com os rumos que as políticas públicas do setor estão tomando. Segundo o presidente da Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação (ABIPTI), Júlio Cézar Martorano, é preciso estimular no ambiente empresarial a cultura de inovar. Ele alertou, porém, que a suspensão dos benefícios da Lei do Bem para 2016, imposta pela Medida Provisória (MP) 694, tem impacto na produtividade das empresas e, consequentemente, para a inserção delas no mercado global. “Mesmo que seja só por um ano, haverá uma quebra nos incentivos para que empresas invistam em pesquisa e desenvolvimento. Esse hiato afetará projetos significativos que estavam em andamento”, disse Martorano em seu discurso no seminário “CT&I em época de crise: alavanca de janela de oportunidades em cenário de dificuldades”, realizado nesta quinta-feira (15) em Brasília. Sem a Lei do Bem Brasil pode perder competitividade internacional Créditos: LeidoBem
Outro impacto da suspensão dos benefícios fiscais a empresas que investem em P&D, segundo o presidente da ABIPTI, é na contratação de pessoal. “Não se estoca cérebro e nem gente. Ou seja, se não há projetos para desenvolver haverá evasão desses profissionais. As boas cabeças saem. No fim das contas, estamos dizendo que o País perde com essa MP”, enfatizou Julio Cesar Martorano. “Reconhecemos a necessidade do ajuste que o governo tem que fazer, mas essa é uma política cíclica, de desenvolvimento e de futuro para o País.” A diretora de Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Gianna Sagazio, aproveitou o seminário organizado pela Frente Parlamentar de Ciência, Tecnologia, Pesquisa e Inovação para destacar que adotar a MP 694 é “andar na contramão dos países desenvolvidos inovadores” e poderá reduzir o investimento privado em inovação. “A nossa proposta é que se amplie os benefícios para anos subsequentes, criando um ambiente de estabilidade jurídica e institucional. Inovação não é investimento de curto prazo. Quem aplica recursos em inovação, investe em longo prazo e precisa de um ambiente favorável para que, de fato, colha os frutos desse aporte”, afirmou. Segundo a diretora, dados do MCTI mostram que a iniciativa privada investe R$5 para cada cada R$ 1 de renúncia fiscal que o governo federal concede. “Segundo estudos, empresas que utilizaram a Lei do Bem, de 2006 a 2010, ampliaram os investimentos em P&D na faixa de 86% a 108% em relação as empresas com características similares que não utilizaram a legislação. Infere-se, portanto, que os benefícios da Lei do bem são superiores à renuncia fiscal do governo.” Na opinião da presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimento Inovadores (Anprotec), Francilene Garcia, o momento de crise econômica pede que se intensifique o diálogo para integrar as instituições e pensar soluções. “É fundamental que a alavancagem de ambientes inovadores adequados para atender os projetos que surgem conte com a participação público-privada. Mas ainda caminhamos com algum tipo de adversidades, como a descontinuidade de políticas públicas e mecanismos de agências de fomento”, lamentou. A dirigente sugeriu ainda que se inicie o debate no Congresso Nacional para que seja aprimorado legalmente o capital internacional nos ambientes inovação brasileiros. “Precisamos de uma política menos incerta, mais perene e que melhore e habilite os processos de transferência de tecnologia dos novos segmentos e empreendimentos que estão surgindo no País”, avaliou Francilene. Também participaram do seminário Marcos Ferrari, chefe adjunto da Assessoria Econômica do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, e presidente do Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (Fortec), Cristina Quintella. Ambos defenderam mudanças no modelo do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI). “O nosso sistema é muito focado na ciência e pouco na tecnologia. O ambiente de C&T no Brasil precisa focar na eficácia do investimento, aumentar a produtividade e transformar a ciência em inovação, ou seja, nos apropriar, de fato, do conhecimento gerado”, defendeu Ferrari. Cristina Quintella apontou que a Emenda Constitucional 85, aprovada em fevereiro, institucionalizou o SNCTI. “Temos um percentual enorme de artigos indexados. No entanto, não temos Produto Interno Bruto que justifique tanto investimento de impostos públicos em ciência. O SNCTI passou a existir a partir de 2015. O que podemos fazer com o que já existe para torná-lo mais operacional de uma maneira legal e regulamentada? Essa é a questão a se respondida”, enfatizou Quintella. Agência Gestão CT&I. |
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