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Brasil terá primeiro museu de ciências forenses da América Latina.

Museus quase sempre trazem a ideia de serem locais voltados apenas para amostra de atividades. Desconstruir esse paradigma produzindo conhecimento aplicável e utilizando ciência, tecnologia e inovação (CT&I) será o papel do Museu Nacional de Ciências Forenses (MNCF) da Polícia Federal (PF). O espaço, que está em construção, terá centros de pesquisa em que a população poderá interagir com os cientistas, laboratórios eletrônicos com atividades em 3D e uma versão itinerante para percorrer todo o País.

O museu será implantado no prédio da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte (MG). O local, que tem 6 mil metros quadrados, estava abandonado há 13 anos e era usado como almoxarifado. A inauguração do empreendimento deverá ocorrer até 2019 e a expectativa é receber 120 mil visitantes por ano.



Museu de ciências forenses: mais uma oportunidade de conhecer a importância da C&T para a sociedade.

Créditos: Portal Protec


"Será um centro de inovação em tecnologia forense e o primeiro museu do gênero na América Latina, onde terá desenvolvimento de pesquisa e tecnologia sendo feita pelos nossos peritos. É uma iniciativa inédita para a segurança pública, com foco em ciência e tecnologia", comentou o perito criminal federal Geovani Gomes.

Ele explica que o objetivo central do museu é mostrar à população a importância das ciências utilizadas na análise de vestígios e provas materiais de crimes. "Queremos usar a ciência na luta contra o crime e introduzir esse conceito de museu universidade, museu escola, especialmente para os jovens de baixa renda", disse Gomes ao destacar que há possibilidade de o espaço abrigar cursos de iniciação científica, mestrado e doutorado voltados à área forense.


Interatividade

Ao visitar o museu, as pessoas poderão conhecer laboratórios para exames de DNA e as cavernas digitais, laboratórios eletrônicos onde serão exibidas imagens em 3D. Os visitantes encontrarão nesse espaço um ambiente de realidade virtual que mostrará desde estruturas moleculares até os efeitos causados pelas drogas no cérebro.

Outra novidade é a introdução do projeto Hablemos de Drogas, iniciativa premiada na Europa. Criada na Espanha, a ideia ganhou os demais países europeus ao apresentar em uma van itinerante exposições sobre os malefícios das drogas. As explicações são dadas tanto a adolescentes quanto adultos, utilizando manequins transparentes para mostrar quais são os efeitos das drogas no corpo humano. A exposição pode ser visitada virtualmente neste http://www.hablemosdedrogas.org/exposicion/.

“O governo espanhol utilizou a temática de enfrentamento às drogas não apenas para reprimir a oferta (prisão de traficantes), mas também reprimir a demanda, ao mostrar os efeitos de cada droga no corpo humano. Os espanhóis têm a versão física e itinerante e é o que pretendemos fazer também no nosso território", explica Geovani Gomes.

O Museu Nacional de Ciências Forenses já possui uma portaria ministerial que autoriza sua criação. A verba para a construção está prevista na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2016. O projeto também conta com emendas parlamentares, no valor total de R$ 120 milhões, para dar suporte a implantação. "Também conversamos com o ministro da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera, para buscarmos juntos a liberação de recursos do Tesouro Nacional e poder transformar esse projeto em realidade", ressaltou o perito criminal.


Mais tecnologias

A Polícia Federal apresentou durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), realizada em Brasília (DF), na última semana, algumas das inovações utilizadas no combate ao crime. No leque de aparatos tecnológicos estão drones usados para periciar locais de crimes e robôs anti-bomba.

"O robô faz tudo. Analisa a bomba, pode movê-la de um lugar para o outro e desmontá-la sozinho. Ele ainda pode ser usado na negociação de reféns. Ao todo, já temos 23 exemplares no Brasil inteiro", informou Bruno Costa, perito criminal da PF.

A PF também apresentou ao público um scanner 3D de ambientes. O equipamento emite impulsos a laser em todas as direções que, ao refletir nos objetos visíveis, mede a distância e mapeia todo o local. A tecnologia transforma os dados levantados em um ambiente virtual, sendo utilizado na preservação de locais de crimes e para ver detalhes gerais de uma área extensa.

O aparelho ainda não foi usado em larga escala por dificuldades de logística e deslocamento, visto que é muito sensível e relativamente grande. O caso mais emblemático em que a Polícia Federal usou o scanner 3D foi no acidente aéreo, em agosto de 2014, que causou a morte do candidato à presidência da República Eduardo Campos.

Agência Gestão CT&I.


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