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A estagnação do sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação deve ser atenuada em 2016 se for aprovado e sancionado ainda este ano o chamado Código de CT&I (projeto de lei nº 77/2015, originário da Câmara dos Deputados). A avaliação é do especialista Fernando Peregrino, presidente do Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica (Confies) que defende a aprovação do texto o mais rápido possível. Para ele, a aprovação do Código de CT&I ainda este ano seria extremamente positiva para o setor no próximo ano, porque estimularia o investimento privado. A previsão é de que, com o novo marco regulatório, os investimentos de ciência, tecnologia e inovação dobrem para 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB), alavancado pelo setor empresarial. A proposta de lei que cria o código de ciência, tecnologia e inovação tramita no plenário do Senado Federal, em caráter de urgência, desde 24 de novembro. Embora relatores da matéria afirmem que o PL nº 77 esteja pronto para ser votado na Casa, a análise do texto acabou sendo adiada em decorrência dos eventos inesperados que aconteceram nas últimas semanas. Um deles foi a prisão do senador Delcídio Amaral (PT/MS), líder do governo no Senado Federal, e que é uma das peças-chave que articulam as prioridades da pauta do plenário da Casa, e, mais recentemente, o pedido de abertura do impeachment da presidente Dilma Rousseff, pelo deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara. Código de Ciência, Tecnologia e Inovação: uma boa chance para garantir o financiamento para o setor. Créditos: Carlos Fabiano
Diante do atual cenário, Peregrino avalia que a área de CT&I deve entrar “em parafuso” no próximo ano, caso a nova legislação não seja aprovada. Na avaliação dele, o sistema de CT&I chegou ao limite e o cenário desenhado para 2016 “é de paralisia”. “Estamos à beira de um colapso e, por isso, estamos apressando a votação do PL 77. Todas as instituições pactuaram em não fazer emendas e nem mexer mais no texto, porque todas sentem necessidade de desamarrar a área de ciência, tecnologia e inovação engessada pelas legislações vigentes. Isso não quer dizer que o texto esteja perfeito, mas para o momento em que se vive está impecável”, comentou. Peregrino, juntamente com toda a comunidade científica, defende que o código de CT&I criaria um marco regulatório eficiente desamarrando os nós que emperram o dinamismo da área, fazendo com que o Brasil caminhe para trás na área de inovação e não consiga competir em pé de igualdade no cenário internacional. “É muito difícil trabalhar em meio a uma concorrência internacional acirrada e, nessa disputa, os países mais preparados fazem isso com uma velocidade muito maior do que nós”, analisou. Embora o sistema brasileiro de inovação seja sólido, Peregrino, que é também diretor executivo da Fundação Coppetec (Coordenação de Projetos, Pesquisas e Estudos Tecnológicos), da Coppe, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), entende que as leis vigentes travam o setor. De acordo com ele, o Brasil possui sólidas agências de coordenação centrais, igualmente órgãos setoriais nas áreas de saúde, militar, engenharia e de infraestrutura. Ele acrescenta ainda a existência dos sistemas estaduais “bem desenvolvidos” e instituições de pesquisas com padrão internacional. “Acho que o código desamarra pelo menos a metade do sistema. Depois é preciso incrementar outras coisas, mas, pelo menos, a aprovação do texto representaria uma grande vitória”, avalia. “No Brasil, hoje tudo que se faz nessa área é proibido. Ninguém quer saber de resultados, quer saber apenas de carimbo e de colocar os papeis no lugar certo. Isso é secundário”, analisou Peregrino. “O empresário se sentirá seguro em investir em projetos dessa natureza porque o código de ciência, tecnologia e inovação fortalecerá o processo de disseminação de tecnologia produzida nas universidades e nos centros de pesquisas”, analisa. Jornal da Ciência. Nota do Managing Editor: Este texto de autoria de Viviane Monteiro, foi primeiramente veiculada no Jornal da Ciência (http://www.jornaldaciencia.org.br/), de 04 de dezembro de 2015. A ilustração apresentada não consta da matéria original e foi introduzida pela Editoria do LQES News. |
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