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NOVIDADES
Para a presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação (Consecti), Francilene Garcia, há sempre esperança, embora 2016 deva continuar sem fôlego por causa dos cortes anunciados no final do ano passado. “A redução dos investimentos em CT&I resultou em descontinuidades e contingenciamento que atingiram importantes programas em 2015”, disse. Para ela, essa situação permanece em 2016 e “sinaliza para a necessidade de todos se manterem em permanente vigília, buscando um equacionamento para o fomento à CT&I no Brasil, de forma que novos modelos de parceria sejam viáveis e em sinergia com estratégias mais sustentáveis”, disse. Segundo ela, não se pode mais lidar com políticas que avançam e retrocedem, gerando ciclos instáveis como o que estamos vivenciando no momento atual. Perspectivas pra CT&I no Brasil em 2016. Créditos: Jornal da Ciência
Descrevendo-se como um otimista, Palis destaca o trabalho em conjunto da ABC e da SBPC, pleiteando uma série de assuntos importantes em ciência e educação. Um exemplo de ação impactante das duas instituições que ele destaca é a aprovação do Marco Legal da CT&I, sancionado em janeiro. De acordo com o cientista, os cortes continuam a afetar a área em 2016, mas o Marco pode trazer algum avanço. “Ele estipula linhas de comportamento exequíveis para área de CT&I. As regras passadas inibiam a ciência no passado. Por isso é uma grande conquista: precisamos de uma lei condizente com a ciência e essa é uma das características do novo código responder ao que seja o trabalho científico”. Outro exemplo é uma proposta feita pelas duas entidades de conseguir empréstimos externos, especialmente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), para os INCTs (Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia). “Isto é muito interessante porque é um dinheiro que movimenta a economia do País, aumenta a circulação de recursos, os juros são bem mais baixos e é para uma causa nobre o desenvolvimento da ciência”, argumenta. O presidente da ABC comenta ainda a preocupação com as Fundações de Amparo à Pesquisa (Faps) do País, que sofreram com os cortes de orçamento em 2015. Segundo ele, o quadro é preocupante, mas, pelo menos, as Faps de porte maior, como as dos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro (Fapesp, Fapemig e Faperj) ainda não sofreram cortes. “Temos feito um trabalho intenso, explicando que preservar os recursos à ciência é sempre essencial para a recuperação no futuro”, complementa. De fato, lembra Nader, a SBPC tem mantido um trabalho intenso em conjunto com essas entidades, além das mais de 120 sociedades científicas que integram o quadro associativo da SBPC. Em 2015, foram realizados diversos encontros com os dirigentes e representantes dessas sociedades para discutir assuntos como cortes orçamentários, desvio de recursos originais da CT&I para outros programas governamentais, e outras questões. Embora propostas resultantes desses debates venham sendo encaminhadas para órgãos governamentais e Poder Legislativo, a presidente da SBPC afirma que ainda há uma falta de entendimento, sobretudo dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento, sobre a relevância dos investimentos em CT&I para o País. “É uma pena porque todo o potencial que foi construído em pesquisa acadêmica, que poderia ser transformado em negócios, com o pouco mercado, com pouco incentivo, se perde”, alerta o engenheiro mecânico, que também é presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa de Santa Catarina (Fapesc). Segundo ele, falta ainda para o País a colaboração do Estado para colocar os produtos das pesquisas no mercado, de maneira competitiva. “O pesquisador desenvolve um produto em uma empresa nascente, mas, na hora de vender para o Estado, que tem um grande poder de compra, este faz uma licitação e acaba comprando de uma grande empresa, já estruturada. Infelizmente o governo não entendeu, nesse novo Marco Legal, o papel do poder de compra”, critica. E este foi um dos pontos que o Marco contribuiria para modernizar, se não tivesse sofrido veto. O País perde em competitividade com os países mais desenvolvidos e as grandes empresas tecnológicas, que investem em pesquisa, acabam por desejar investir fora, onde os incentivos são mais abundantes e a burocracia reduzida, como na Europa e nos Estados Unidos. E não são apenas as empresas que emigram: os melhores pesquisadores acabam deixando o Brasil também, porque lá fora conseguem produzir mais, como descreve o presidente da Confap. “Falta essa percepção de estratégia, de prazo, de ter um progresso consolidado. E pesquisa é tão barata. Com 1% da receita, a gente faz uma barbaridade de coisas”, diz. Para tentar reverter tais perdas na proposta da legislação, que foi pleiteada por 5 anos pela comunidade científica, o Conselho está mobilizando as fundações do País para responder aos vetos. “As justificativas aos vetos foram muito simplistas”, observa Gargioni. “Nos argumentos, eles falam sobre impactos no equilíbrio econômico. Mas isso não é nada sobre a receita”, comenta o engenheiro, ressaltando que a ciência e tecnologia brasileira recebe apenas 1% do produto interno bruto (PIB) em investimento do Estado: “Existem gastos muito maiores em outras áreas. O que é 1% para pesquisa? Não é nada. Estamos sempre do lado fraco. E o que acontece é que no final ficamos para trás”. Jornal da Ciência (impresso). |
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