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NOVIDADES
As Indústrias Nucleares do Brasil (INB) firmaram contrato para exportar urânio enriquecido pela primeira vez. A parceria com a empresa estatal Combustibles Nucleares Argentinos (Conuar) prevê o envio de quatro toneladas de pó de dióxido de urânio (UO2) para a carga inicial de abastecimento de um reator localizado na cidade de Lima, ao norte de Buenos Aires. O contrato, no valor de US$ 4,5 milhões, foi assinado em junho. Para o presidente da INB, João Carlos Tupinambá, o provimento representa um marco na cooperação em pesquisa nuclear entre Brasil e Argentina, ao inserir a empresa pública no cenário internacional de enriquecimento de urânio para fins pacíficos. “O nosso primeiro passo é consolidar esse relacionamento, ou seja, tornar o País um fornecedor contumaz”, diz. “A ideia é, futuramente, subir de patamar para um contrato com mais recargas, de longo prazo.” Enriquecido na fábrica da INB em Resende (RJ), o produto ainda precisa de autorização da Coordenação-Geral de Bens Sensíveis do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) para completar o processo de exportação. As quatro toneladas se dividem em três lotes com teores de enriquecimento de 1,9%, 2,6% e 3,1%. O transporte será feito por dois caminhões, que podem sair do município fluminense até quinta-feira (23). Segundo Tupinambá, caso o deslocamento não ocorra nesta semana, é provável que seja adiado para setembro, porque o comboio só tem permissão para circular sob escolta da Polícia Rodoviária Federal, prestes a ser deslocada para o Rio de Janeiro para atuar nas Olimpíadas. Urânio enriquecido Créditos: Wordpress
Segundo ele, apenas outros 11 países enriquecem urânio no planeta. A tecnologia utilizada na unidade da INB em Resende é a de ultracentrifugação para enriquecimento isotópico, desenvolvida pelo Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) em parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), autarquia gerida administrativa e tecnicamente pela Cnen. O acordo com a Argentina não envolve intercâmbio de conhecimento, uma vez que prevê a entrega de um produto pronto, mas, na visão do presidente da INB, “abre perspectivas de intercâmbio, para que se verifique complementariedades”. Ele lembra que a empresa estatal argentina Invap participa do desenvolvimento do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) e que os programas nucleares dos dois países são contemporâneos, iniciados na década de 1960. Criada em 1988, a INB atua na cadeia produtiva do urânio, da mineração à fabricação do combustível que gera energia elétrica nas usinas nucleares. A empresa pública é vinculada ao MCTIC, tem sede no Rio de Janeiro e também está presente nos estados da Bahia, Ceará, Minas Gerais e São Paulo. MCTIC. Nota do Managing Editor - A ilustração apresentada não consta da matéria original e foi introduzida pela Editoria do Boletim. |
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