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Marketing usa aromas como instrumento para atrair consumidor.

Quantas vezes nos flagramos lembrando de algum fato, situação ou pessoa devido a um cheiro, um perfume, um odor que nos provoca sensações, sentimentos, como se revivêssemos um passado remoto ou recente? O sentido do olfato é muito forte e dele não podemos fugir, porque ele adentra nosso corpo físico pela respiração, sem a qual não sobrevivemos.

Artigo publicado na revista Signos do Consumo mostra-nos esse universo inserido no mundo tecnológico no qual vivemos. Atualmente, o sentido do olfato passou a servir como instrumento de venda de todo tipo de produto. Segundo os autores do estudo, “hoje, graças à evolução da tecnologia e à busca constante de diferenciais para produtos e marcas, esses e milhares de outros aromas podem ser reproduzidos artificialmente, transformando-se em um instrumento de marketing na disputa pela fidelidade do consumidor”.


Aroma de café.

Foto: Free-Photos via Pixabay

Com a criação de microcápsulas, atualmente, é possível aromatizar ambientes, filão descoberto pela publicidade em virtude das exigências da cultura de consumo e o consequente marketing de vendas.

Esse artigo enfoca a análise das relações entre “consumo de experiências e o sentido humano do olfato”. Aqui a proposta é uma pesquisa de caráter exploratório, seguindo as principais formulações teóricas e complementando-as com exemplos de casos em pontos de venda, mais especificamente. O olfato tem sido considerado, pela maioria das culturas e na maior parte do tempo, o sentido menos importante (ou nobre) do corpo humano: “O que pensamos ser uma inferioridade natural do olfato não passa de inferioridade cultural”.

As maneiras peculiares de experimentar e interpretar os odores são marcadas por diferenças culturais, sociais e até econômicas. Há muitas formas e regras de sociabilidade por meio dos odores. Muitas culturas não ocidentais valorizam o olfato. Os autores salientam que além da visão e da audição, do tato e do paladar, o homem também se comunica pelo olfato. Também observam a tendência da sociedade atual em tentar anular o que supostamente “cheira mal”, ou seja, substituir os odores naturais pelos industrializados – sabonetes, perfumes, desodorantes. O “tabu do olfato”, se assim podemos dizer, atravessou diferentes culturas, em diferentes tempos e lugares, mas se seu valor vem sendo resgatado, não deixa de ser “fonte de lucro e exploração mercadológica”.



Muitas culturas não ocidentais valorizam o olfato.

Foto: Hans via Pixabay / CC0


Observa-se que os aromas atuam como signos que caracterizam produtos e lojas que criam a imagem da marca. Por conta disso, os autores perguntam: “À medida que todas as marcas passarem a proporcionar experiências multissensoriais, o que será preciso fazer para se destacar diante de uma concorrência acirrada?”. É preciso ter-se a consciência da “apelação pelo olfato”, no sutil envolvimento do futuro cliente – podemos estar diante de violação da ética -, colocando por terra as “defesas dos consumidores”, já que o alvo é prender pelo coração e pela memória. Por conta disso, em conclusão, os autores chamam a atenção para o poder do olfato e “sua relação com os outros sentidos do corpo”, em uma necessária abordagem interdisciplinar.


Referência:

Atem, Guilherme Nery; Abreu, Fernanda Ferreira de. O perfume do mundo: consumo de experiências de marca pelo olfato. Signos do Consumo, São Paulo, v. 10, n. 2, p. 4-14, jul./dez. 2018. ISSN: 1984-5057. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.1984-5057.v10i2p1-3.


Jornal da USP. Acessado: Mar 06, 2019.



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