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NOVIDADES
Não obstante a dificuldade dos trabalhos atuais, todos os toxicólogos estão de acordo em dizer que a exposição aos NTC (nanotubos de carbono) deve ser vigiada. Contudo, o carbono é atualmente isento da obrigação de registro no regulamento Reach, cujo dever é levar a uma melhor gestão dos riscos químicos na União Européia. Se o caso dos nanotubos de carbono é particularmente impressionante, mesmo as moléculas não isentadas (de registro) colocam um problema: deve-se considerar o dióxido de titânio (TiO2) do mesmo modo quando está sob a forma nano ou não? "É um problema, confirma Emmanuel Moreau, chefe do escritório de substâncias e preparações químicas do Ministério encarregado do meio ambiente. Um grupo de trabalho europeu sobre Reach e os nanomateriais foi criado e vai se reunir pela primeira vez no começo de julho". Nanotubo de carbono. Créditos: JDLE
Os NTC formam um dos 4 estados organizados conhecidos do carbono, com o grafite, o diamante e os fulerenos (moléculas em forma de bolas de futebol). Formados de uma ou mais paredes concêntricas onde os átomos de carbono são organizados em redes de hexágonos, são utilizados para fabricar artigos esportivos, telas planas, pneus, etc. "As imagens e resultados obtidos pela equipe de Edimburgo são espetaculares, analisa a toxicóloga Francelyne Marano. Mas, atenção: esse não é um estudo de cancerogênese. É preciso ser extremamente prudente, porque os ratos foram expostos aos nanotubos de carbono por injeção peritonial, e não por inalação". Ora, a inalação é a principal via de exposição suspeitada. E, ainda, não se sabe se essa exposição implica num risco para o homem. "Trabalhos recentes sobre as nanopartículas estimam que cerca de 1% de uma dose é inalada. Mas ainda não se dispõe de informações sobre os NTC", prossegue Francelyne Marano. "Sabe-se que, nos animais, eles vão até os pulmões, mas ninguém verificou se vão até a pleura. Ora, o mesotelioma é um câncer da pleura", precisa Jorge Boczkowski, diretor de pesquisa no INSERM (Instituto Nacional da Saúde e Pesquisa Médica). Para Boczkowski, "os efeitos sanitários dos NCTs são uma área nova, e eles dependem muito de suas características físicas como comprimento, presença de impurezas, defeitos. Portanto, é difícil falar desses produtos de forma geralizada". Assim, o artigo publicado na Nature Nanotechnology conclui sobre um risco de reação inflamatória que aumenta com o comprimento dos NTCs "multi-parades" testados, e que é comparado à reação provocada por fibras de amianto. Por sua vez, a equipe de Dominique Lison, da Universidade Católica de Louvain (Bélgica), estudou exclusivamente os "NTCs multi-paredes sintetizados por decomposição de hidrocarbonetos sobre catalisadores (cobalto, ferro) suportados sobre uma camada de alumina". Ela observou "atividades inflamatórias e genotóxicas, em grande parte explicadas pela presença de defeitos na estrutura dos NTC", mas sem "atividade cancerogênica", "contrariamente às fibras de amianto". Esses resultados de pesquisadores belgas foram apresentados quando dos encontros científicos em 7 de maio, da Agência Francesa de Segurança Sanitária do Meio Ambiente e do Trabalho (Afsset). Ainda que pouquíssimos dados estejam validados, a maioria dos pesquisadores pede proteção e vigilância dos trabalhadores expostos. JDLE, 04 juin, 2008 (Tradução - MIA). (1) Craig A. Poland, Rodger Duffin, Ian Kinloch, Andrew Maynard, William A.H. Wallace, Antony Seaton, Vicki Stone, Simon Brown, William MacNee & Ken Donaldson: "Carbon Nanotubos Introduced Into The Abdominal Cavity Of Mice Show Asbestos-Like Pathogenicity In A Pilot Study" - Nature Nanotechnology. Published on-line, 20 May 2008. (2) Atsuya Takagi, Akihiko Hirose, Tetsuji Nishimura, Nabutaka Fukumori, Akio Ogata, Norio Ohashi Kitajima and Jun Kanno: "Introduction of Mesothelioma in p53+/- Mouse by Intraperitoneal Application of Mult-Wall Carbone Nanotube" - J. Toxicol. Sci., vol. 33, no 1, 105-116 (2008). Nota do Scientific Editor: para conhecer mais sobre este assunto veja o artigo "Pulmonary and Systemic Immune Response to Inhaled Multiwalled Carbon Nanotubes", publicado na revista Toxicological Sciences, número 100, págs. 203-214, 2007, de autoria de L.A. Mitchell, J. Gao, R.V. Wal, A. Giglioti, S.W. Burchiel and J.D. McDonald. Assuntos Conexos: Entra em vigor na União Européia, em junho próximo, rígido controle para os produtos químicos. Nanotecnologias: convergência ou divergência? Poluentes das águas cada vez mais preocupantes: os medicamentos! |
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