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Para certas nanopartículas, a pele não é obstáculo !

Uma equipe de cientistas do Centro Médico da Universidade de Rochester (EUA) revelou que nanopartículas podem atravessar a barreira cutânea, especialmente quando esta foi atacada pelo sol. Ainda que as nanopartículas sejam cada vez mais utilizadas na fabricação de bens de consumo, dentre eles protetores solares, vêm se tornando, cada vez mais, objeto de grande número de estudos, sendo colocadas sob estrita vigilância pelas autoridades governamentais e os grupos de pressão.


As implicações para a saúde para além do campo de estudo

O estudo, entretanto, pretende evidenciar o fato de que o pequeníssimo tamanho de certas nanopartículas lhe permite, efetivamente, atravessar a pele de certos ratos; as conseqüências sanitárias da presença dessas nanopartículas no corpo não são conhecidas, explica a Dra. DeLouise, professora-assistente em dermatologia e engenharia biomédica e perita em propriedades de nanotubos.

DeLouise insiste no fato de que seu estudo não está voltado para o impacto sanitário das nanopartículas, do qual, em nenhum caso, é objeto: "Queríamos simplesmente ver se nanopartículas podiam passar através da pele, e verificamos que podem, em certas condições", explica ela.

O artigo, publicado na revista Nano Letters, indica que a equipe de cientistas está interessada na penetração transcutânea de nanocristais chamados Quantum Dots (QD), que apresentam a particularidade de serem fluorescentes em certas condições - o que os torna mais fáceis de serem observados - e também no estudo de outras nanopartículas. Os cientistas evidenciaram a distribuição de QDs em ratos cuja pele havia sido anteriormente exposta a uma quantidade de radiação ultravioleta, equivalente àquela susceptível de causar uma leve "queimadura" de sol em um humano.





Nanocristais (Quantum Dots) podem ser observados sobre a pele, sob forma de pontos verdes fluorescentes.

Créditos: University of Rochester Medical Center.



A equipe pôde demonstrar que, mesmo sendo as nanopartículas capazes de atravessar a barreira cutânea de todos os ratos, se difundiam mais rapidamente através da pele dos que tinham sido "danificados" pela radiação ultravioleta.

Uma parte da explicação reside provavelmente nas reações complexas da pele quando atacada pelos raios de sol. Como resposta aos raios ultravioleta, as células se multiplicam, e certas moléculas presentes no tecido cutâneo, proteínas cuja função é assegurar uma junção firme dos tecidos, se afrouxam a fim de permitir que as novas células se desloquem para zonas onde são necessárias.

Essas proteínas agem normalmente como guardiãs que selecionam quais moléculas estão autorizadas a passar através da pele e, assim, penetrar no corpo, e quais moléculas, ao contrário, devem ser bloqueadas. Ao se "relaxarem", as proteínas tornam-se menos seletivas que comumente, dando às nanopartículas oportunidade de atravessar a barreira cutânea. Algumas dessas partículas são, de fato, ínfimas - menos de 10 nanômetros de largura (um nanômetro representa um milionésimo de milímetro) -, são quase tão pequenas quanto os espaços naturais existentes entre certas células da pele.


Dióxido de titânio e dióxido de zinco ainda não analisados

Para o futuro, a Dra. DeLouise objetiva estudar o dióxido de titânio e o óxido de zinco, duas substâncias freqüentemente utilizadas nos protetores solares e em outros produtos cosméticos, a fim de proteger a pele contra os efeitos nocivos da radiação ultravioleta.

Ao longo dos últimos anos, o tamanho das partículas de óxidos metálicos utilizados em numerosos produtos de consumo tem se tornado cada vez menor, a ponto de não se poder qualificar as nanopartículas. O interesse em um tamanho assim diminuto está em que permite que os protetores solares sejam inteiramente transparentes, uma vez aplicados sobre a pele.

Premium Beauty News, 03 outubro, 2008 (Tradução - MIA).


Nota do Scientific Editor: o trabalho que deu origem a esta notícia: "In Vivo Skin Penetration of Quantum Dot Nanoparticles in the Murine Model: The Effect of UVR", de autoria de L. J. Mortensen, G. Oberdorster, A. P. Pentland and L. A. DeLouise, foi publicado na revista Nano Letters, volume 8, número 9, págs. 2779-2787,2008 (DOI: 10.1021/nl801323y).


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