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NOVIDADES
Uma equipe de cientistas do Instituto Max Planck de Pesquisa sobre o Carbono (MPI-KoFo), de Mühlheim-sur-la-Ruhr (Alemanha), desenvolveu um novo método que permite "cortar" com relativa facilidade a celulose em seus elementos constitutivos, açúcares. Isso poderá abrir caminho para a produção de matérias-primas e de biocombustíveis a partir de biomassa oriunda de madeiras ou resíduos vegetais, por conseguinte, sem concorrência com os produtos alimentares. A celulose, molécula orgânica mais freqüente na terra, é o componente principal das células vegetais. Sendo particularmente estável, até o momento era difícil para a indústria separá-la em seus componentes elementares. Uma quantidade importante de energia ficava, assim, inutilizada. Cadeia de celulose. Créditos: Geocities.
Num primeiro momento, os pesquisadores colocam a molécula de celulose em uma solução iônica. Trata-se de um sal, líquido à temperatura ambiente, que contém elementos carregados positiva e negativamente. "Essa etapa torna as longas cadeias de celulose acessíveis para as reações químicas seguintes, e a celulose é, assim, susceptível ao ataque por catalisadores sólidos", explica F.Schüth. A equipe do MPI-KoFo, nesse meio tempo, determinou quais propriedades um catalisador deveria exibir para cindir a celulose. O material deve ser ácido, ou seja: poder doar prótons H+. Deve também dispor de uma grande superfície e de poros de boa dimensão, porque a celulose dissolvida na solução iônica é bastante viscosa, o que complica o transporte das cadeias para o catalisador. "Descobrimos que a resina modificada quimicamente é particularmente bem adaptada à clivagem de cadeias de açúcar da celulose", continua Ferdi Schüth. Graças a adição de água, as cadeias de açúcares assim encurtadas vão para o fundo, de sorte que é fácil separá-las da solução. Os pesquisadores filtram então a solução e recuperam o catalisador. "A fim de chegar, enfim, aos menores elementos constitutivos da celulose, uma etapa suplementar é necessária, via, por exemplo, utilização de enzimas". Estas recortam as cadeias curtas em moléculas de açúcar isoladas. Esse processo de "desmontagem" - da celulose às moléculas de glicose - é chamado despolimerização. O novo método permite, entre outros, recortar componentes vegetais bastante estáveis, como a celulose microcristalina e mesmo madeira. "Podemos, assim, dizer que, graças a esse método, a "desmontagem" da madeira em açúcares é possível", comenta F.Schüth. Esse tratamento da celulose dá lugar a numerosas possibilidades de aplicações. As moléculas de açúcares assim obtidas poderiam ser submetidas a uma fermentação alcoólica e o etanol então produzido como biocombustível, sem concorrer com os produtos alimentares. Restos de madeira ou de palha poderiam servir como matérias-primas. Um trabalho importante de desenvolvimento deve, entretanto, ser feito, antes de se utilizar esse método em grande escala. As soluções iônicas são particularmente muito caras, o que necessita sua reutilização no ciclo de produção, e, por conseguinte, o desenvolvimento de uma abordagem de reciclagem. Press Release - Instituto Max-Planck, consultado em 02 de outubro, 2008 (Tradução -MIA). Nota do Scientific Editor: o trabalho que deu origem a esta notícia: "Depolymerization of cellulose by solid catalysts in ionic liquids", de autoria de R. Rinaldi, R. Palkovits e F. Schüth foi publicado na revista Angewandte Chemie, volume 47, número 42, p. 8047-8050, 2008 (DOI: 10.1002/anie.200802879). Assuntos Conexos: |
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