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NOVIDADES
Uma equipe liderada por Ludwik Leibler, reunindo pesquisadores do laboratório Soft Matter e Química (CNRS/ESPCI ParisTech) e do Laboratório Físico-Química de Polímeros e Meios Dispersos (CNRS/UPMC/ESPCI ParisTech), obteve forte adesão entre dois géis ao espalhar sobre a superfície dos mesmos uma solução contendo nanopartículas. Até o momento, não se conhecia nenhum método completamente satisfatório para se obter a adesão entre dois géis ou dois tecidos biológicos. Os resultados, publicados na revista Nature, poderão abrir caminho para muitas aplicações médicas e industriais. Os géis são materiais compostos essencialmente de um líquido, água, por exemplo, aprisionados dentro de uma rede molecular que lhes confere sua solidez. Exemplos de géis na vida cotidiana são vários: sobremesas à base de gelatina, geléias, lentes de contato ou a parte absorvente das fraldas. Os tecidos biológicos, tais como a pele, músculos e órgãos mostram fortes semelhanças com os géis. Até o momento, colar estes materiais cheios de líquido, moles e escorregadios, utilizando adesivos tradicionais compostos de polímeros seguia sendo um desafio. Ludwik Leibler é conhecido pela invenção de um material completamente original, que combina interesses industriais reais e uma reflexão teórica profunda. O trabalho que tem feito em colaboração com Alba Marcellán e colegas do Laboratório Soft Matter e Química (CNRS/ESPCI ParisTech) e o Laboratório Físico-Química de Polímeros e Meios Dispersos (CNRS/UPMC/ESPCI ParisTech), levou a um conceito inédito: colar géis espalhando na superfície uma solução de nanopartículas. O princípio é o seguinte: as nanopartículas da solução ligam-se à rede molecular do gel - fenômeno chamado adsorção -, e, ao mesmo tempo, a rede molecular liga as partículas entre si. As nanopartículas estabelecem, assim, várias conexões entre os dois géis. O processo de adesão leva apenas alguns segundos. Este método é realizado sem adição de polímeros e não envolve reações químicas. Uma solução aquosa de nanopartículas de sílica, um composto facilmente disponível e amplamente utilizado na indústria, especialmente como um aditivo alimentar, permite colar todo tipo de gel, mesmo quando eles não têm a mesma consistência ou as mesmas propriedades mecânicas. Além da rapidez e da simplicidade de realização, a aderência proporcionada pelos nanopartículas é alta, a junção é muitas vezes mais resistente à deformação do que o próprio gel. Além disso, a associação fornece muito boa resistência à imersão em água. Outro aspecto importante é a auto-reparação: dois pedaços descolados podem ser re-colados e reposicionados sem adição de nanopartículas. As nanopartículas de sílica não são as únicas a apresentar tais propriedades. Os pesquisadores obtiveram resultados semelhantes usando nanocristais de celulose e nanotubos de carbono. Finalmente, para ilustrar o potencial desta descoberta na área dos tecidos biológicos, os investigadores colaram eficazmente dois pedaços de fígado bovino, previamente cortados com um bisturi , utilizando a solução de nanopartículas de sílica. ![]() Utilização da solução de nanopartículas de sílica para colar dois pedaços de fígado bovino. As três etapas não levam mais que uma dezena de segundos. Créditos: Laboratoire MMC-CNRS/ESPCI.
CNRS Press (Tradução - OLA). Nota do Scientific Editor - O trabalho "Nanoparticle solutions as adhesives for gels and biological tissues", que deu origem a esta notícia, é de autoria de Séverine Rose, Alexandre Prevoteau, Paul Elzière, Dominique Hourdet, Alba Marcellan e Ludwik Leibler, tendo sido publicado na revista Nature Nature, Vol. 505, pág. 382-385 (2014), DOI: 10.1038/nature12806. Assuntos Conexos: |
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