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Quando a ciência reinventa a cozinha : a química do cozimento.

A música não é a física, embora esta ciência possa ajudar a compreendê-la e a fabricar novos sons. Assim, a cozinha não é a química. E, no entanto, as reações químicas permitem compreender o cozimento dos pratos e propor outras técnicas para melhorar o gosto e a qualidade nutricional dos alimentos.


Descubra a cozinha do futuro em todas as suas formas

Foi Pitágoras quem primeiro teria notado as conexões entre proporções matemáticas de cordas vibrantes e as notas harmoniosas que podem ser conseguidas com elas. Mais tarde, os físicos e os matemáticos vão estudar, de modo aprofundado, o som e a maneira de gerá-lo. No entanto, sabe-se que não é suficiente ser um bom matemático ou um bom físico para ser um bom músico. Do mesmo modo, embora pesquisadores como Hervé This tenham feito conexões entre a química e a cozinha, criando disciplinas como a gastronomia molecular, esta última não é a química na cozinha e não é suficiente ser um bom químico para ser um bom cozinheiro.

Não obstante, a química ajuda a compreender porque tal receita de cozinha é mais eficaz que uma outra para se obter um bom prato, ou porque é preferível cozinhar alimentos de um certo modo, quando se quer obter aromas ou qualidades nutricionais melhoradas. Um dos exemplos mais antigos, talvez, é o da invenção da panela de pressão, por Denis Papin (físico, matemático e inventor francês). O cozimento com uma panela de pressão não permite senão reduzir o tempo de preparação de pratos. Na verdade, quando se cozinham alimentos em água, os elementos nutritivos (nutrientes), tais como os minerais e vitaminas, migram para dentro do líquido. Nutrientes como as vitaminas C e B, hidrossolúveis, são os mais destruídos, se o cozimento for muito longo. Como a panela de pressão utiliza menos água e permite cozinhar mais rapidamente é, pois, vantajoso utilizar este modo de cozimento, quando se deseja conservar certas qualidades nutricionais dos alimentos.



Louis-Camille Maillard (1878-1936) é um químico francês, descobridor das reações de Maillard. Tratam-se de reações complexas com compostos que apresentam grupamentos redutores (aldeídicos ou cetônicos), e compostos aminados que reagem entre si para produzir substâncias aromáticas e coloridas, das quais as mais conhecidas se encontram nos alimentos preparados por cozimento.

Créditos: Wikipedia


As reações de Maillard, os segredos do cozimento

Há um século, começamos a entender realmente os eventos químicos que ocorrem nas diferentes receitas de cozimento dos alimentos. Deve-se isto a um químico francês, Louis-Camille Maillard, que observou e descreveu pela primeira vez em 1911 a cor castanha, típica de alimentos cozidos quando se aquece glicose com diferentes aminoácidos (não se trata da reação de caramelização). Ele observou ainda a formação de diferentes aromas alimentares. Em sua homenagem, a transformação alimentar que se produz durante o cozimento e da qual ele começou a perceber o segredo foi denominada reação de Maillard.

Hoje se fala também com mais frequência das reações de Maillard, tão complexas são as reações que se manifestam por um escurecimento dos alimentos e o surgimento nestes de novos aromas e sabores durante o cozimento.

As reações de Maillard estão em toda parte. Da torrefação de cafés, do chocolate, da cevada para cerveja ao cozimento de carnes que são feitas na panela, no forno ou na churrasqueira. Elas estão essencialmente no aspecto e no gosto das doçarias (doces, tortas, etc.) e do pão. Tais reações têm sido objeto de muitas pesquisas.


O cozimento no lava-louças!

As reações de Maillard se produzem eficazmente à temperaturas da ordem de, no mínimo, 100 °C. Abaixo desta temperatura elas têm lugar, mas, quanto mais baixa é a temperatura, mais lento é o processo. Muito acima de 100 °C, podem formar moléculas potencialmente cancerígenas. Se quisermos limitar este risco, poderemos pensar em, algumas vezes, passar longe das reações de Maillard.

No caso das carnes, o cozimento tem sido pesquisado para torná-las mais tenras e destruir germes patogênicos. É possível atingir estes objetivos - conservando certas qualidades gustativas e nutritivas das carnes -, cozinhando-as à baixas temperaturas. Basta para isto cozinhá-las mais e, ao menos, acima de 60 °C. Pode-se, assim, obter carnes tenras e saborosas, cozinhando-as de modo apropriado... em um lava-louças (basta embalar peixe em um saco hermético, depois colocá-lo no programa de 60 °C, ou mais, por exemplo) !

Na prática, cozinheiros profissionais usam esta técnica pelo menos desde os anos 1970, com o cozimento sob vácuo e, mais recentemente, com fornos ou tanques de água mantidos à temperatura constante. Os resultados ideais são obtidos à temperaturas diferentes, mas sempre abaixo de 100 °C, conforme as carnes. Assim, temperaturas de pelo menos 82 °C são necessárias para aves, a fim de garantir a ausência de bactérias.

Futura Sciences (Tradução - MIA).


Assuntos Conexos:

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