|
NOVIDADES
O diretor do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), Fernando Galembeck, criticou nesta quinta (25) o PL 6741/13. Em tramitação na Câmara, o projeto institui a Política Nacional de Nanotecnologia e determina que o poder público controle os riscos e impactos relacionados ao setor. Nano é uma unidade de medida que corresponde à divisão de 1 metro por 1 bilhão. Ao trabalhar nesta escala, cientistas manipulam os próprios átomos. “A legislação proposta é muito abrangente, ela é simplista. Ela põe num mesmo saco muitas coisas muito diferentes e isso não pode dar certo", afirmou Galembeck durante audiência pública conjunta das comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; e de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados, para discutir propostas de regulamentação para o setor. Dentre outras iniciativas, o projeto prevê autorização do poder público para a realização de pesquisas e fixa multas que variam de R$ 5 mil e R$ 1,5 milhão para reparar os inconvenientes e danos causados pela nanotecnologia. Trata-se de restrição à inovação, argumenta o cientista. A proposta estabelece a responsabilidade do governo pela gestão de cadastro nacional para controle e acompanhamento de projetos de pesquisa, desenvolvimento tecnológico, geração, comercialização e inserção no mercado de nanoprodutos. O banco de dados deverá conter a relação detalhada de substâncias no estado de nanopartículas produzidas, distribuídas, importadas ou exportadas pelo Brasil. Nesse ponto, foi apoiado pelo deputado Átila (Lira PSB-PI), que preside o colegiado. “Não vamos mais fazer projetos de lei aqui sem esgotar a questão científica; quando se cria um marco legal já se cria um caminho, e a liberdade é não ter caminhos”, pontuou. Por sua vez, a professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Graciela Ines Bolzon de Muniz sugeriu substituir as autorizações para pesquisa em tecnologia pela análise toxicológica. A ideia da professora é garantir a segurança dos consumidores ao identificar possíveis substâncias nocivas à saúde sem prejudicar o trabalho científico. “A pesquisa em nanotecnologia não tem risco inerente. Pode-se prever o recurso para a análise toxicológica em projetos de pesquisa, mas não a autorização”, ressaltou. Ele é favorável a um marco regulatório para o setor. No entanto, acredita que a iniciativa deve conciliar interesses da indústria, de cientistas e de consumidores. “A gente precisa tomar certo cuidado quando fala de regulação. Estamos interessados, sim, mas não podemos andar na frente da carroça e deixar o boi para trás”, disse. Ele ponderou que o País domina o ciclo nuclear (da extração ao enriquecimento), a despeito da ausência de marco regulatório internacional. A diretora de Qualidade Ambiental na Indústria, do Ministério de Meio Ambiente, Leticia Carvalho é favorável à medida: "A rotulagem é um instrumento fundamental não só para instrução do produto sustentável, acerca do que o consumidor está consumindo, mas também presta um valor inestimável ao aspecto regulatório". Já o deputado Bruno Covas (PSDB-SP), relator do projeto que cria a Política Nacional de Nanotecnologia, garantiu que vai abrir diálogo com os setores afetados pela medida e aprimorar o texto. "Essa linha que a gente segue é de corrigir o projeto original. O deputado Sarney Filho disse que o projeto também serve para iniciar o debate, e não para obter uma fórmula pronta e acabada que não pode ser alterada”, concluiu. Jornal do Brasil.
|
© 2001-2020 LQES - lqes@iqm.unicamp.br
sobre o lqes | políticas | link o lqes | divulgação | fale conosco