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NOVIDADES

Produção de periódicos predatórios aumentou 7 vezes em 4 anos.

Enquanto autoridades de universidades, instituições de pesquisa e agências de fomento no Brasil evitam a todo custo tratar publicamente da praga que são as chamadas editoras acadêmicas predatórias e as revistas científicas por elas publicadas na base do “pagou, publicou”, no exterior o problema se torna cada vez mais escancarado.

Desta vez não foi mais uma novidade do biblioteconomista Jeffrey Beall, dos EUA, com sua lista dos “publishers predatórios”. Um estudo publicado nesta quinta-feira (1º out) pela revista “BMC Medicine” revela que cresceu de cerca de 53 mil em 2010 para 420 mil em 2014 o número de artigos dos periódicos despejados na literatura científica por essas editoras que exploram sem rigor acadêmico o modelo de publicação em acesso aberto na internet, baseado na cobrança de taxas de autores.


Previsões

Esse crescimento corresponde a 692% em apenas quatro anos, ou seja, a cerca de 7 vezes. A partir da lista de Beall, os pesquisadores da área de ciência da informação Cenyu Shen e Bo-Christer Björk, da Escola Hanken de Economia, na Finlândia, identificaram cerca de 8 mil periódicos ativos responsáveis por esse aumento. Segundo os autores, cerca de 75% dessas revistas estão na África e Ásia.

Shen e Björk, no entanto, afirmaram que os problemas provocados por essas revistas são muito limitados e regionais. A acrescentaram que acreditam que o número de artigos publicados por elas “vai parar de crescer em um futuro próximo”.


Contestação

Em entrevista ao blog “Retraction Watch”, dos EUA, Beall discordou dos dois autores, afirmando que os dados por eles apresentados não dão suporte a essa previsão. E acrescentou: “Além disso, é enganosa sua tentativa de minimizar os problemas causados pelos publishers predatórios como ‘regionais’. A Índia tem 1,2 bilhões de pessoas, e a China tem 1,3 bilhão. Há dezenas de milhões de pesquisadores na região.”

Beall foi alvo no Brasil de moções de repúdio por parte de lideranças na área de publicações acadêmicas por ter publicado em julho em seu blog o post “O SciELO é uma favela de publicações?”, afirmando que essa plataforma on-line brasileira de periódicos mantida por meio de recursos públicos não consegue dar visibilidade aos trabalhos científicos.


No Brasil

Critiquei esse texto de Beall, não só por equívocos em suas afirmações, mas também por ele ter dado razões de sobra às acusações contra ele de preconceito ideológico contra o modelo do acesso aberto e de ele ter uma visão de mundo capitalista na qual só se justifica o modelo de publicação acadêmica baseado no mercado da cobrança pelo acesso aos conteúdos dos periódicos (“Um alívio para os periódicos predatórios”, 6.ago).

O efeito desse problema em nosso país já teve amostras suficientes, desde o impacto na produção acadêmica (“Sobe para 235 a lista de predatórios da pós-graduação brasileira”), ao comprometimento de conferências científicas (“Eventos científicos ‘caça-níqueis” preocupam cientistas brasileiros”, 3/mar, e “Promotoria questiona Unicamp por evento com editora ‘predatória’”, 15/ago).

Felizmente, já existe uma pequena reação contra esse quadro (“Capes rebaixa revistas científicas de má qualidade”, 23.set). Mas ainda é pouco. Por mais que tenham razão algumas das suas críticas a Beall, torna-se cada vez mais imoral e indecente a atitude de indiferença de muitas autoridades e lideranças acadêmicas brasileiras com o problema dos periódicos predatórios.


Nota do Manager Editor: Artigo publicado em:
http://mauriciotuffani.blogfolha.uol.com.br/2015/10/01/producao-de-periodicos-predatorios-aumentou-7-vezes-em-4-anos/.


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