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NOVIDADES
Trabalhos recém-publicados na revista Lancet Gastroenterol Hepatol (vol. 5, abril/2020) mostraram que pacientes com a Covid-19 apresentaram em suas fezes o RNA do Sars-CoV-2, o novo coronavírus, causador da doença. Em cerca de metade dos pacientes investigados, a detecção do RNA viral se deu por cerca de 11 dias após as amostras do trato respiratório testarem negativo. Isso indica a replicação ativa do vírus no sistema gastrointestinal e a possibilidade da transmissão via feco-oral ocorrer mesmo após o trato respiratório estar livre do vírus. Há evidências também da presença de outros coronavírus (como o Sars-CoV e o Mers-CoV) nas fezes e de sua capacidade de permanecerem viáveis em condições que facilitariam a transmissão via feco-oral. O professor Carlos Chernicharo, coordenador do INCT, faz um alerta sobre a importância dos cuidados que devem ser tomados por trabalhadores e pesquisadores do setor.
O professor Carlos Chernicharo, coordenador do INCT, alerta sobre a importância dos cuidados que devem ser tomados por trabalhadores e pesquisadores do setor. “Os profissionais que atuam na área de esgotamento sanitário, como os que operam as redes coletoras e estações de tratamento, e os pesquisadores que manuseiam amostras de esgoto não podem abrir mão de medidas como a utilização de equipamentos de proteção individual, a fim de evitar a ingestão inadvertida de esgoto, ainda que por meio da ingestão de aerossóis [partículas finíssimas, sólidas ou líquidas, suspensas no ar], para evitar a contaminação”, afirma Chernicharo, que é recém-aposentado do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Escola de Engenharia da UFMG. De acordo com a nota técnica, medidas de segurança ocupacional, já adotadas como padrão, são eficazes na proteção contra o coronavírus e outros patógenos presentes no esgoto. O texto recomenda ações coordenadas urgentes dos profissionais das áreas de saúde, saneamento, universidades e governos no cenário atual de emergência de saúde pública, que pode se agravar ainda mais em função da desigualdade social e do elevado déficit na prestação de serviços de saneamento no Brasil”. A nota ressalta que cerca de 100 milhões de brasileiros não têm acesso a serviços de coleta de esgoto e 35 milhões não usam água tratada, também segundo o SNIS 2018. O INCT ETEs Sustentáveis planeja ações destinadas ao mapeamento epidemiológico do novo coronavírus, inicialmente na Região Metropolitana de Belo Horizonte, por meio da análise de amostras de esgoto. O objetivo, segundo a nota técnica, é “identificar as regiões onde há maior ocorrência do vírus e que, portanto, mereceriam mais atenção por parte dos profissionais da área de saúde”. Se a iniciativa for-bem-sucedida, prossegue o texto, “poderemos ter informações relevantes sobre a carga viral oriunda também da população assintomática, o que, de certa, é indicador da presença regionalizada do coronavírus nas pessoas que não conseguem aos testes para a Covid-19”. O INCT ETEs Sustentáveis já foi procurado pelo governo estadual para discutir o assunto. E, na próxima quinta-feira, 2 de abril, o professor Carlos Chernicharo vai participar de webinar promovido pela Organização Pan-americana de Saúde (Opas), sobre ferramentas de gestão do setor hídrico para o enfrentamento da pandemia de Covid-19. LabNetwork. Accessed: Abril 05, 2020.
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