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NOVIDADES
Um artigo publicado na revista Nature confirma o que já se sabia: o ouro de nossos lingotes e jóias provém do Grande Bombardeamento Tardio ocorrido há 4 bilhões de anos. Ele foi, portanto, trazido à Terra por asteróides, após a formação da Terra e da Lua. O ouro, assim como a platina, é considerado um elemento altamente siderófilo pelos geólogos, isto significa que ele tem a tendência de se encontrar associado ao ferro nos minerais de rochas. Como, além disso, ele é mais pesado que o ferro, todo o ouro da Terra deveria se encontrar em seu núcleo ferroso, quando da diferenciação da Terra, menos de 100 milhões de anos após seu nascimento. Sua presença na crosta terrestre era, portanto, um enigma. Mas, há anos, sabe-se que o ouro é de origem extraterrestre, assim como a platina. Ele foi trazido à Terra pelos asteróides quando do Grande Bombardeamento Tardio (ou Late Heavy Bombardment: LHB, em inglês), um período teórico da história do Sistema Solar, que se estendeu aproximadamente de 4,1 a 3,9 bilhões de anos, durante o qual ter-se-ia produzido um notável aumento dos impactos meteóricos ou cometários sobre os planetas telúricos. Isto acaba de ser recentemente confirmado por trabalhos publicados na Nature, o que dá suporte ao motivo da abundância de dois isótopos de tungstênio nas rochas da região de Isua, na Groenlândia. Estas rochas figuram entre as mais antigas, com idade estimada em 3,8 bilhões de anos. As rochas analisadas foram formadas a partir de um magma no manto, mais velho que a época do LHB. A razão 182W184W medida é mais alta que aquela das rochas atuais. Segundo os geoquímicos, era exatamente o esperado se o manto da crosta terrestre estivesse altamente desprovido de ouro. Portanto, isto não teria acontecido senão por ocasião do LHB. Uma vista da região de Isua, na Groenlândia. Créditos: Tokyo Institute of Technology.
Nota do Scientific Editor: o trabalho "The tungsten isotopic composition of the Earth"s mantle before the terminal bombardment", que deu origem a esta notícia, é de autoria de Matthias Willbold e Stephen Moorbath, tendo sido publicado na revista Nature, 2, págs. 195-198, 2011, DOI 10.1038/nature10399. |
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